Beja: Irmã Madalena, do Carmelo da cidade, celebrou 60 anos de Profissão Religiosa.
Irmã Madalena celebrou 60 anos de Profissão Religiosa. As Carmelitas desejam “restaurar a restauração” do Carmelo de Beja.
Chegou a Beja há 62 anos, três anos depois da restauração da Ordem dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, que é constituída por membros masculinos e femininos.
A Ordem foi fundada por peregrinos da 3ª Cruzada da Europa, que se refugiam na Palestina, no Monte Carmelo, junto à Fonte de Elias, no local onde hoje se situa a nova Embaixada dos Estados Unidos da América.
A irmã Maria Madalena, depois do desaparecimento aos 97 anos, há três meses, a ultima das restauradoras madre Carmelinda, celebrou no dia 2 de junho, 60 anos de Profissão Religiosa, continuando a viver com um sorriso e alegria o “silêncio e solidão para estar na intimidade com Deus”, conforme os votos feitos quando tinha 21 anos.
Aos 20 anos chega a Beja, vinda de Lisboa, da Paróquia do Santo Condestável, depois de ter concluído o curso de contabilidade e de o pai ter assinado o documento que lhe dava a licença para entrar. A irmã Maria Madalena recorda o dia em que “senti uma atração por Deus e a Humanidade”. Antes de duas irmãs da Ordem de Beja “terem visitado o colégio que frequentava numa promoção vocacional”, justificou.
Mas a opção por Beja, fica a dever-se a outro facto religioso e familiar. “A minha irmã mais velha veio para a Ordem e para o Carmelo de Beja. Ao meu pai custo-lhe muito, mas quando ela fez os votos, chorou de alegria e deixou-me seguir o meu caminho”, lembra feliz.
O primeiro Carmelo feminino em Portugal, foi fundado em Beja em 1541, num local onde foi construído o atual Tribunal de Beja. Mais tarde, em 1834, tem início a Reforma Eclesiástica, e 45 anos depois morre a última carmelita. Em 1954, dá-se a “restauração do Carmelo feminino em Beja” com a vinda de quatros irmãs, que fizeram a formação Carmelita em Espanha e duas irmãs espanholas.
No próximo ano, celebram-se os 65 anos da “restauração da Carmelo feminino em Beja”, a irmã justifica que “estamos a dar continuidade à restauração da restauração, que visa dar o rosto daquilo que é hoje a igreja”, acrescentando que sem se perder a espiritualidade e o carisma “estamos atentas à realidade exterior em que estamos inseridas”, remata.
O dia-a-dia das seis carmelitas é feito atrás das grades, mas para a Irmã Madalena estas “não são uma separação das pessoas, mas do mundo mundano. Assim podemos cumprir a nossa missão que é a oração, em silêncio e solidão em comunidade”.
“Aqui temos o tempo muito ocupado, revelando que durante o dia para além do trabalho e do estudo, há sete momentos “em que nos encontramos para a oração litúrgica que é a oração da Igreja”, justifica a Irmã Maria Madalena.
Mas também é preciso lidar com a internet. “Por mail chegam muitos pedidos de orações”, assim como por telefone. A página de facebook do Carmelo de Beja “visa dar a conhecer ao exterior a espiritualidade e o carisma”.
O curso de Contabilidade tirado na juventude, assim como o curso de Ciências Religiosas é um contributo da irmã ao serviço da comunidade. Para além do trabalho da liturgia e na preparação das missas em toca órgão, diz a irmã Luísa de Santa Maria.
Hoje com 82 anos, e fazendo um resumo da vida dedicada à Ordem e a Deus, a irmã Madalena resume assim: “ o momento mais feliz? Ter sido chamada por Deus para o Amar a Ele e a toda a humanidade, neste Carmelo de Beja”. O mais difícil? É vencer as minhas imperfeições”. Mas para sempre vai recordar o momento em que a madre Carmelinda “partiu”: “fez um sorrido de glória, que nunca mais esquecerei”, remata.
Cerimónia-2 de junho
A Celebração Eucarística dos 60 anos de Profissão Religiosa da Irmã Maria do Imaculado Coração (Irmã Madalena), foi presidida pelo Bispo de Beja, D. João Marcos, que celebrou uma missa, na Capela do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus e no final o Grupo Coral “Estrelas do Sul”- Portel cantou o “Nossa Senhora do Carmo”. Seguiu-se depois um almoço no átrio do convento, com ofertas de amigos e benfeitores do Carmelo de Beja.
Teixeira Correia
(jornalista)