Na Jornada Mundial da Juventude o Papa Francisco passa a mensagem: “A porta da Igreja não está aberta, está escancarada, para todos”, mas em Beja o Carmelo do Sagrado Coração de Jesus mantém as portas encerradas e o Bispo continua em silêncio.
Contrariando as palavras do Papa Francisco cuja mensagem é a de que “a porta da Igreja não está aberta, está escancarada, para todos, sejam quem eles forem, de onde vierem, as pessoas que forem”, o Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, em Beja, está encerrado desde o passado dia 26 de setembro do ano passado quando as Irmãs Carmelitas, Madalena e Luísa, tiveram que deixar o local, depois de um mês antes, Inês a terceira das religiosas já ter deixado o Carmelo. As três freiras estão em local desconhecido.
Será que o Papa Francisco tem conhecimento que é a própria Igreja que fecha as portas das suas igrejas e que exclui as suas próprias pessoas, numa prática contrária ao afirmado pelo Sumo Pontífice, em que o Bispo de Beja é tido como o principal responsável, que se mantém em silêncio.
D.João Marcos, está mudo e calado sobre o local onde as Carmelitas se encontram e qual o seu futuro.
Ao contrário do que afirmou na comunicação às freiras, aquando do encerramento do espaço, o Bispo de Beja referiu na altura que “tudo será feito para que, brevemente, uma nova comunidade possa habitar entre nós”, mas até agora os únicos “novos habitantes” do Carmelo são as ervas (na foto) que vão crescendo no local.
Sessenta e oito anos após a restauração, o Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, em Beja, o primeiro convento feminino da Ordem do Carmo em Portugal, fechava portas, num processo de encerramento que começou em 12 de julho de 2019, quando a Santa Sé assinou o decreto que tornava definitiva a medida, uma decisão que só foi tornada pública três meses depois pelo Bispo de Beja.
O Carmelo do Sagrado Coração de Jesus foi fundado em abril de 1954 pelo D. José do Patrocínio Dias, natural da Covilhã, que foi Bispo de Beja entre 1922 e 1965, tendo sido uma figura determinante na restauração da Dioceses de Beja. Para refundar o Carmelo, naquela data vieram de Sevilha seis carmelitas, quatro portuguesas e duas espanholas, entre as quais a Madre Priora.
O terreno onde foi edificado o Mosteiro foi cedido por um casal de Beja, Maria e Francisco da Cruz Martins, cujos herdeiros dos doadores já vieram a público dizer que o espaço será para o destinado pelo casal ou pedirão a reversão do mesmo.
Em 13 de outubro do ano passado os portões do Carmelo apareceram pejados de papéis de protesto contra o encerramento daquele espaço religioso.
Nas mensagens afixadas nos portões do Carmelo podia ler-se: “foi encerrado por vontade e decisão da Santa Sé”, sendo que num outro papel estava escrito que “a comunidade cristão do Alentejo e os amigos deste Carmelo está indignada com esta decisão e solicita a reabertura deste convento (pela mesma Ordem Carmelita de Clausura)”.
Teixeira Correia
(jornalista/ diretor do Lidador Notícias)